“Após as ordens do grande mestre, pego o pergaminho com as instruções e fui até o templo de escorpião.”
- Sr. Kárdia, estou saindo em uma missão, quando retornar espero que seja como um cavaleiro. Até lá estarei impossibilitado de treinar com o senhor. -
- ... –
“Após arrumar minhas coisas, me dirijo até o cais, negocio com o pessoal para ver quem poderá me levar até meu local de destino, horas depois consigo uma “carona” em um navio cargueiro, que me levará em troca de meus serviços. Pouco tempo depois estávamos zarpando em direção ao meu destino, durante os dias de viagem, trabalhei na tripulação para pagar a minha passagem. O trabalho não era muito pesado para mim, que estava acostumado a levar golpes que destruíam rochas, e o pessoal até que era legal. A comida não era essas coisas, mas conseguia parar no fundo do estômago. Aprendi a pescar nestes dias, pelo menos não vou morrer de fome.
Eis que após alguns dias de viagem o navio atraca em um pequeno porto gélido. Este é o lugar onde me separo daquela tripulação. Um pequeno vilarejo esquimó, nas proximidades do porto. A princípio tive dificuldades em me relacionar com o pessoal, pois não entendia nada daqueles “nhac-nhac” que eles chamavam de palavras, porém um rapaz jovem que morava pela região, veio ao meu auxílio. O homem possuía cabelos verdes, um temperamento bem frio e não era de falar muito, tudo o que soube era que o rapaz era do santuário.
Não me importava saber a respeito dele, mas confesso que me foi de grande ajuda, comecei a aprender com ele algumas palavras “nhac-nhac” básicas, pelo menos para conseguir saber onde poderia conseguir comida, por mais estranho que parece foi a primeira vez que comi foca na minha vida.
O clima é completamente hostil, tenho certeza que não demora muito para que uma pessoa congele aqui, por sorte, consegui agasalhos doados pelo chefe da tribo, que além de hospitaleiro me ofereceu uma velha gorda para dormir comigo nas noites que eu permanecesse por lá, não falei nada, pois aquela mulher era a esposa do chefe e por não saber fala mais do que “onde consigo alimento?”.
O rapaz que me ajudara me explicou que, trata-se de uma tradição deste povo, oferecer sua mulher para o seu convidado, para que esta a esquente durante as noites. A situação estava mais delicada do que pensei, não queria deitar com aquele monte de banha, então deveria focar em minha missão.
Percebi que no local não há noite, mas comecei a aprender um pouco daquela cultura estranha, e de seus costumes, gordos e insanos.
Saímos para caçar e pescar. Então capturamos focas e peixes. Parecia que o jantar ia ser farto. Mais tarde no mesmo dia enquanto o grupo comia o resultado de nossa caça, o chefe pendurou um pedaço da carne, na porta de seu iglu, perguntei o motivo para ele. Então, apreensivo e com voz bem baixa ele começou a falar a respeito de um espírito maligno que habitava no local. Parecia que ele nutria um profundo medo a respeito daquele assunto, embora meu “tradutor” não revelasse todo o conteúdo de suas falas, eu pude perceber que havia algo que o preocupava.
Parecia que o objeto de minha caçada estava prestes a se encontrar comigo. Passei algum tempo, creio que tenha sido alguns dias, o chefe deixou que a filha dele substituísse a mãe durante os períodos de sono, pelo menos a garota não era gorda como a mãe e nem tão fedida, mas era grande, ocupava a cama quase que por completo, eu me sentia dormindo com um urso gigante, que a qualquer momento poderia acordar de madrugada e tentar comer minha cabeça.
Uma certa noite, pelo menos eu acho que era a noite, escutei um estranho barulho vindo de fora do iglu, ao sair, vi o homem que estava de vigília mordo com suas entranhas abertas”
* então este é o perigo, onde será que posso encontra-lo? *
“Observo ao longe um vulto do que julgo ser um gato bem grande, então decido segui-lo. Aquela criatura parecia desaparecer na neve, mas eu conseguia sentir uma energia maligna vindo dele, energia esta que usei para me guiar até o local onde ele habitava.
Pouco tempo depois chego a uma caverna, ali o cheiro pútrido era imenso, se alastrava por tolo o lugar, rastros de sangue e pedaços de carne, ossos e pele estavam espalhados por todo o canto.”
* O que será que habita aqui? *
“Adentro o local com estrema cautela, mas ao por o pé para dentro, sinto um imenso choque de energia. Um tigre branco surge em minha frente, parecia uma besta sedenta, mas sem olhos”
- Então és tu que está criando essa confusão toda? –
“aquela criatura começa a se metamorfosear na aparência de um homem, pouco tempo depois vejo um rapaz em minha frente, a sensação era estranha, parecia que estava de frente a um espelho, ou de frente a um irmão gêmeo, seus olhos pareciam duas bolas espectrais e seu cabelo parecia uma fumaça viva, embora fisicamente igual a mim, o garoto emanava uma energia estranha e sinistra.
Aquela criatura solta uma risada infernal e em uma fração de segundos já estava em cima de mim desferindo um soco, bloqueio o golpe com meus braços cruzados na frente, quando menos espero um segundo golpe me atinge por traz, fazendo com que eu seja atirado ao chão.
Pude perceber na hora que não se trata de um oponente e sim de dois um branco com aura negra e um negro com aura branca.”
* Isto é um doppelganger! Como diabos isso está acontecendo aqui? *
“aquelas criaturas pareciam flutuar a poucos centímetros do solo, e pareciam ter uma velocidade muito superior a minha.”
- Esta luta ficou mais interessante agora, hora de mostrar o que sei! –
“Disparo em direção ao primeiro que surgiu na minha frente, desferindo um soco, que atravessa a cabeça dele como se o mesmo fosse feito de fumaça”
- Mas o que? Que merda! –
“ aquela criatura bestial solta mais uma risada que faz com que meu corpo estremeça, parecia que ela estava gritando dentro de mim, meus órgãos se movimentam como se estivessem chacoalhando dentro de um vidro.
A criatura desaparece por um breve momento e surge novamente em minha frente, senti-me paralisado por um breve momento, até que ela se afastou, repentinamente uma dor subida atinge meu corpo, parecia que eu tinha levado mais de 1000 golpes naquela fração de segundos, meu corpo cede por cima das pernas e caio de joelho, com vários ferimentos abertos, por onde vertem muito sangue.”
* que criatura infernal, nem consigo ver seus movimentos, tão pouco atingi-lo. É como se estivesse lutando contra a luz, uma velocidade insuperável e um corpo intangível.
Esta criatura, tem o poder de me copiar, sabe exatamente cada golpe que vou dar, ela pode prever todos os meus movimentos.
Espere um pouco se ele me copia em tudo, de onde surgiu o outro ser? Será que sou dividido desta maneira? Este é realmente o meu ser interior?
Para derrotá-lo, só existe uma maneira... *
- Criatura nefasta! Entendi seu objetivo, mas eu sei como lhe derrotar. Vou acabar com isso de uma única vez! Graças a você eu entendi o objetivo de minha procura, eu não quero caçar um oponente mais forte do que eu, a emoção da caça que eu procuro sempre esteve diante de mim, o que eu caço é o meu doppel, o meu ser, eu caço a mim mesmo! Prepare-se! -
- GARRAS DE TIGRE! –
“meu cosmo brilha intensamente e desaparece, ficando uma quantidade acumulada em minha mão direita, que brilha como uma garra, desfiro um golpe certeiro contra meu peito, fazendo com que meu punho atravesse e chegue próximo a meu coração, minha garra fica próximo a ele e começa a queimar devido ao calor emitido por ele, meu sangue começa a jorrar e pingar no chão, cada gota que cai parece ácido, de tão quente que está. Um cosmo dourado e outro negro saem do meu corpo, na forma de dois tigres que perseguem meus oponentes. Embora os demônios o goleiem incessantemente eles não param até conseguir alcançá-los, retiro minha mão do meu peito e desfiro vários ataques em direção dos meus fantasmas, o campo de batalha começa a ser dilacerado pelas garras do tigre até que meus dois tigres os alcançam, a batalha começa a se tornar um campo de alimentação, pois os dois tigres começam a devorar incessantemente os oponentes, que após um tempo deixam de existir.
Após a luta ter seu fim, me deparo em frente a uma parede de gelo que reflete minha imagem distorcida, observo aquilo atentamente e sorrindo”
- É Deocil, você está acabado! Seu babaca! –
“pouco tempo depois, já sem forças caio desmaiado no chão.
Acordo tempos depois com uma visão horrenda, aquela velha gorda estava em cima de mim. Seu fedor me incomodava, mas mal conseguia me mexer, estava enfaixado, parecendo uma múmia, coberto de sebo, que eu acredito e quero acreditar, que seja gordura de baleia. O homem que me ajudou chega logo em seguida”
- Você deu um trabalhão em garoto. Já faz um ano que está dormindo! -
- Um ano? – grito assustado
- Na realidade só fazem 3 dias. A Kamauaka sabe cuidar bem de ferimentos, afinal ela tem que lidar com isso constantemente.
Aliás, o chefe providenciou sua carona de volta, mas ele lhe convida a ficar aqui o tempo que quiser. Você salvou esta vila garoto! -
“olho para aquela mulher que esta me esmagando, e viro-me para o rapaz”
- diga a ele que agradeço a hospitalidade, mas preciso voltar ao santuário o quanto antes, o Grande Mestre está me esperando. -
- Entendo! -
“após algumas horas, o homem me acompanha até o porto onde eu embarco no navio, nos dias que se sucedem a vigem de volta descanso profundamente para me recuperar daquele embate.
Tempos depois estou aqui de volta ao santuário, com minha trouxa de coisas, e um fedor de gordura de baleia. Vou tomar um banho, bem demorado, para retirar toda aquela inhaca de gorda sebosa e logo após me dirijo ao salão do Grande Mestre.”
- Grande Mestre. Completei vossa missão, agora espero suas ordens! -