“ontem tive um sonho, em minhas mãos pude ver muito sangue de pessoas inocentes, vi meu irmão que sorria com a face envolta de uma mancha negra, acima dele um anjo de asas pretas, parecia que estavam me chamando, andei por alguns metros e vi as pessoas correndo, feridas e com muito medo, tentava me aproximar, mas, elas fugiam de mim.
Meu irmão trajava uma armadura negra, e me avisava, que meu lugar estava garantido, estava esperando por mim, eu disse que servia Athena, mas ele sorriu e disse, como um juiz do inferno iria servir a deusa? Juiz, eu?
Me deparei dividido em um caminho, em um deles me via usando a armadura de tigre, no outro usando uma armadura com asas. O que está acontecendo, será que terei que escolher qual meu destino? Meu irmão estava ao meu lado, sorrindo, trajando aquela armadura, e me chamava para acompanhá-los naquela viagem.
Ao virar para o lado pude vislumbrar algumas de minhas lembranças, a luta contra meu mestre, a luta contra Kárdia, a luta contra a Fênix, a luta contra o veneno, e todas as vicissitudes que passei. Olho sorrindo para meu irmão e corro em direção a ele, o meu eu, trajando aquela armadura negra abre os braços em minha direção, como se estivesse me aceitando, mas de repente um estalo quebra todo o silêncio que pairava no ar.
Estava eu com o punho fincado no rosto de meu irmão, demonstrando toda minha fúria e ódio, mas como um sonho, eu acordei no templo de escorpião”
- D: o que será que está acontecendo comigo?
“fui até o grande mestre e expliquei o que se passava, ele me disse que eu tinha o dom da premonição, e que trilhava um caminho diferente do meu original, que para entender o meu real sentido de vida eu teria que fazer uma escolha muito difícil para mim.
Decidi caminhar para espairecer as idéias, me recordo do doppel, e da sensação que tive. Parece que estou de outro lado de um rio, do lado oposto ao que deveria estar. Sinto um cosmo caloroso e acolhedor, ao me virar vejo uma máscara preta e uma feição conhecida, era a fênix”
- S: o que te afige? “diz ela ao sentar-se ao meu lado”
- D: sabe, daqui, você é a única que me trata como um amigo, ou como uma pessoa digna, viva, e como igual. Todos os que vejo, me tratam como se fosse um desgarrado ou um estorvo, apesar de não revelarem isto, mas você é diferente... Apesar de saber de minhas origens, isso parece que não te afeta muito.
- S: ...
- D: Fico feliz que tenha conseguido sua armadura, não poderia ter pessoa mais qualificada para tal ato, porém, eu não sei o que está acontecendo.
- S: é natural que se sinta confuso, eu também já passei por isso, mas se tem alguma coisa que aprender com o Manigold é que, não importa de onde você vem, o que importa é o que você escolhe ser...
- D: seu mestre é um sábio.
- S: Ou apenas sabe ler biscoito da sorte.
- D: Sybil, quero que guarde um segredo para mim, estarei viajando hoje, deixarei minha armadura aos seus cuidados, pois caso nossos caminhos se cruzem novamente, quero que você seja a pessoa a desferir o golpe final, em nome daquilo que sempre lutei. Não sei até onde vou conseguir chegar, mas, vou procurar fazer uma viagem para entender o que está acontecendo comigo. Pode ser que eu volte como aliado ou como um inimigo, não sei ao certo, mas quero que me prometa uma coisa. Diga para a deusa Athena que agradeço por tudo o que ela me deu, mas eu preciso, antes de tudo, destruir meus demônios.
“Levanto-me deixando minha urna sagrada ao lado da garota, levanto o meu capus e saio em direção a pequena estrada do vilarejo, olho para traz e vejo a amazona de pé”
- D: diga ao grande mestre, que lutarei sempre pelo que acredito, e se eu morrer, pelo menos tentarei impedir esta guerra, ou como um cavaleiro de Athena ou como um espectro de Hades. Adeus!
“ continuo caminhando até desaparecer no horizonte”